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Israel-Jordânia-Jarash-Amã

25-12-2016
Dia chuvoso, com 4 graus. O motorista que nos levaria a Jordânia chegou às 8h45,  o que nos deixou um pouco apreensivos, já que, até então, o traslado não havia atrasado. Para os judeus, o dia 25 de dezembro é um dia normal de trabalho. No caminho à fronteira com a Jordânia, vimos vários acampamentos de beduínos que vivem em barracos feitos de lona plástica, folhas de alumínio e madeira e criam rebenhos de cabras e ovelhas. Alguns ainda vivem em cavernas em frente das quais estacionam seus carros. Os beduínos são muito hospitaleiros. Quando alguém vai à casa de um beduíno, deve aceitar a xícara de café que lhe é oferecida, senão a recusa é considerada uma ofensa. Ao ser devolvida, se o visitante não quiser mais café, deve devolver a xícara fazendo um pequeno movimento com o punho para a direita e para a esquerda, senão o anfitrião servirá a bebida novamente. Além disso, somente no terceiro dia da chegada do visitante, o beduíno perguntar-lhe-á por que ele foi à sua casa, antes não. 
Às 10h15 passamos por uma espécie de check-point onde nos alertou o motorista que era proibido tirar fotos. Durante a parada, dois guardas armados fizeram uma rápida revista no ônibus, mas não nos passageiros. Em seguida, paramos em uma lanchonete de beira de estrada para lanche e banheiro, já que o almoço seria por volta das 15h00. Aliás, os banheiros eram bastante precários, mas tinham papel higiênico, o que nem sempre ocorre, daí a necessiade de se levar toalhas umidecidas. Durante a viagem, trocamos os shekels que nos restavam com o motorista, pois, na Jordânia, eles não são aceitos. Embora a taxa cobrada pelo motorista tenha sido pior do que a dos bancos (3,80 por dólar, em Jerusalém, e 4,20 por dólar, com o motorista), foi melhor do que a que conseguiríamos na fronteira (mais de 5 shekels por dólar). Por isso, é melhor pagar a taxa de fronteira com cartão de crédito. Aliás, na fronteira entre os dois países, tivemos de pagar US$207,00 (no cartão de crédito) pela taxa de fronteira, que é cobrada por Israel. Os vistos jordanianos não precisaram ser pagos, porque, para incrementar o turismo, a Jordânia não os estava cobrando. Na fronteira, há um Duty Free, banheiros e um local onde, mediante apresentação das notas e dos produtos comprados em Israel, pode-se pedir o reembolso de 16% do IVA. 

Fronteira entre Israel e Jordânia
Sob uma forte chuva, embarcamos no ônibus que nos levaria a um terceiro ônibus no qual estava o guia jordaniano que nos levaria ao primeiro tour do dia e a Amã. Durante o embarque, um policial verificou os passaportes dos passageiros. O valor da passagem desse segundo ônibus era 5 shekels ou US$2,00 por pessoa. Esse segundo ônibus parou duas vezes: primeiro, para que um policial entrasse e, novamente, verificasse os passaportes; depois, para que passássemos pela imigração da Jordânia onde puseram três carimbos e uma etiqueta em nossos passaportes (essa etiqueta pode ser retirada do passaporte depois que se sair do país). Antes de nos dirigirmos à imigração, deixamos nossas malas sob um pátio coberto sem qualquer vigilância. Já com os passaportes carimbados e etiquetados, voltamos ao pátio coberto e levamos as bagagens a um detetor de metal antes de embarcarmos no terceiro e último ônibus do dia. Um de nós dois teve a mala revirada e revistada, antes de ser liberado. O guia que nos estava esperando também falava espanhol, e o ônibus era um micro-ônibus com Wi-Fi e aquecimento interno, pois nosso grupo atual tinha apenas 10 pessoas. Finalmente, começamos o tour do dia. Durante todo o percurso choveu muito, e o guia, que se chamava Fernando (ou Feras), deu várias informações sobre o país. 
A Jordânia tem 9 milhões de habitantes dos quais 40 mil são beduínos. Atualmente, há 1,5 milhão de refugiados sírios no país. Houve quatro levas de refugiados: uma de palestinos fugidos de Israel, em 1948; outra de palestinos durante a guerra dos seis dias, em 1967; uma terceira de iraquianos e kwaitianos, em 1990; e a última de sírios de 2011 a 2016. A Jordânia é governada por reis desde 1921; a moeda é o dinar (1 dinar vale 1,50 dólares), mas nos locais turísticos e hotéis aceitam-se dólares. O guia também nos informou que trocar dólares por dinares em hotéis é tão ruim quanto fazê-lo na fronteira. A universidade mais antiga do país é de 1962 – Universidade da Jordânia, com 40 mil alunos. Há universidades privadas e públicas, mas estas são melhores porque exigem que os ingressantes tenham notas altas (ex.: 96 pontos para entrar em Medicina). Desde 1994, quando Jordânia e Israel firmaram um acordo de paz, o turismo vem crescendo no país. Na guerra dos seis dias de 1967, a Jordânia perdeu Jerusalém para Israel; a Síria perdeu as Colinas de Golan; o Líbano perdeu a região Sul do país; e o Egito perdeu o Sinai. Depois disso, além da Jordânia, somente o Egito firmou acordo de paz com Israel. O serviço militar não é obrigatório no país. Como os militares têm muitos privilégios, é difícil ingressar na carreira militar, só se conseguindo o ingresso por meio de indicação que nosso guia denominava de "vitamina". Por ser um país muçulmano, as bebidas alcoólicas são extremamente caras. Os jordanianos consomem comida halal. A comida típica do país é arroz com amêndoas e carne de cordeiro ou frango. Tal como os judeus, eles não comem carne de porco, comem sete tâmaras no café da manhã (as tâmaras devem ser comidas sempre em número ímpar, para que se convertam em minerais e não em açúcar) e bebem café preparado à moda turca, que é muito forte e vem com borra no fundo da xícara. Os dias sagrados são sexta e sábado, e o domingo é o primeiro dia de trabalho da semana. 
Na verdade, Jesus foi batizado em Betânia, que fica no lado jordaniano do rio Jordão. Durante três dias, Jesus andou pelas margens jordanianas do Lago de Tibérias onde libertou dois homens do demônio que os possuía, transformando este em dois cerdos. No país, há cerca de 100 locais bíblicos, incluindo a tumba de Set, terceiro filho de Abraão. Segundo nos explicou o guia, árabes, hebreus, turcos e curdos são descendentes de Sem, um dos três filhos sobreviventes de Noé. 
Chegamos a Jerash (ou Jarash), ainda com chuva, às 14h00. Jerash fica ao Norte do país, a 45 km de Amã. É uma das Decápoles Romanas que iam de Damasco a Philadelphia, para desenvolver o comércio na época. Antes de irmos às ruínas, paramos para almoçar no restaurante Artemis onde havia um bufê self-service que incluía fruta e sobremesa, mas não as bebidas, por US$15,00 por pessoa. O melhor foi o pão (tandoor) que, além de ser cortesia da casa, era muito gostoso. 
Jerash (ou Jarash) foi uma grata surpresa. Suas ruínas são magníficas! Foi construída no século II a.C. e conquistada por Pompeu, em 63 a.C. Parte de suas ruínas foi destruída por um terromoto, em 1927, mas, mesmo assim, é linda. Nem a chuva, que se intensificou no final do passeio, e o frio de 7 graus conseguiram tirar a alegria de passear por suas ruínas. Havia mais de 20 colunas ao longo da Rua Cardo (que significa coração), que era a principal rua do comércio. Os 800 metros da Rua Cardo ligam a Praça Oval ao Portão Norte. O guia demonstrou muito conhecimento. Era formado em Ciências Políticas, História e Turismo, na Universidade da Jordânia. Chegamos a Amã já noite e sob forte chuva, por isso, o city tour ficou para o dia seguinte, quando seguiríamos para Petra.

Teatro Sul, em Jerash
Decápole romana de Jarash, Jordânia
Rua do Cardo, na decápole romana de Jarash, Jordânia

Jerusalém-Belém-Jerusalém

24-12-2016
A primeira parada do dia foi em Belém (ou Bethlehem), que fica na Cisjordânia. Belém significa carne, em árabe, e pão, em hebraico. O prefeito da cidade e a Ministra do Turismo são cristãos. Nosso guia não pôde entrar em Belém porque a cidade tem seus próprios guias. Por isso, 2 km antes de entrarmos na cidade trocamos de guia. A guia de Belém se chamava Amal, que significa esperança. Era muito simpática e nos explicou que o salário mínimo era US$400 (enquanto em Jerusalém é de US$1500). A cidade tem 35 quilômetros quadrados e 40 mil habitantes, dos quais apenas 1% é cristão. Como não há trabalho, depois de concluírem a universidade, os cristãos emigram, por isso, daqui a 10 anos possivelmente não haja mais cristãos na cidade onde nasceu Jesus. E isso acentuará ainda mais as perseguições de que os cristãos têm sido alvo. 
Em Belém, fomos visitar o Campo dos Pastores onde um anjo apareceu aos pastores para anunciar a boa nova: o nascimento dez Jesus, a 2 km dali, em uma gruta. O Campo foi comprado pela Ordem dos Franciscanos, em 1758. Nesse campo, há uma gruta com um pequeno altar e bancos talhados na pedra. Amal nos explicou a diferença entre gruta e cova: a gruta tem vários compartimentos. Já a cova tem dois pavimentos: o de cima para as pessoas e o de baixo para os animais. Há 2000 anos, não havia casas, por isso Jesus nasceu no fundo de uma gruta, onde, além de ser mais quente, havia mais privacidade para uma mulher prestes a dar à luz. Na gruta, cantamos uma música de Natal. Ainda no Campo dos Pastores, fomos à capela construída em 1954 pelo governo do Canadá. As janelas são redondas, com cristal azul-claro para que os reflexos da luz solar se assemelhem à aparição do anjo. Em seguida, paramos meia hora em uma loja de cristãos, na Rua da Natividade, para comprar souvenirs. Chegaram vários grupos de escoteiros (máximo de 33 grupos com, no máximo, 150 integrantes), para saudar o Patriarca que representa o Papa na Terra Santa. 

Altar na gruta do Campo dos Bastores, em Belém
Depois, fomos à igreja da Natividade construída onde nasceu Jesus, há 1700 anos. É a igreja mais antiga do mundo. Em 529 d.C., foi destruída pelos Samaritanos; em 614 d.C., os persas vieram destruí-la, mas, quando viram pinturas dos Reis Magos vestidos com roupas do oriente, desistiram de destruí-la. Como o Patriarca chegaria para assistir à Missa do Galo, a cidade estava lotada, e tivemos de esperar três horas em pé na fila para visitar a Gruta da Natividade. Soubemos que a Igreja Ortodoxa Grega comemora o Natal em 06/01, e a Igreja Ortodoxa Armênia, em 18/01. Devido ao número de visitantes, não pudemos entrar pela Porta da Humildade que é a entrada principal da igreja dentro da qual fica a gruta e que tem esse nome porque as pessoas precisam abaixar-se para passar por ela. Além disso, não pudemos fotografar a igreja que estava cheia de andaimes. Estava sendo restaurada pelos palestinos. Na gruta, vimos a estrela bizantina de quatorze pontas que representam o número de tribos de Israel até o nascimento de Jesus, e o local onde ficava a manjedoura que serviu de berço ao menino Jesus após seu nascimento. A Igreja da Natividade pertence à Ordem dos Franciscanos. A cruz rodeada por quatro cruzes menores, que hoje simboliza essa Ordem, era dos bizantinos e, depois, foi adotada pelos cruzados.
Depois de tantas horas de espera, a guia conseguiu que nosso grupo ficasse alguns minutos sozinho dentro da gruta, mas, com todos querendo fotografar ao mesmo tempo, as fotos ficaram péssimas. Ao se despedir, a guia Amal foi aplaudida, pois, não fosse por ela, o grupo não podido ficar ainda que alguns minutos sozinho na gruta.

Interior da Gruta da Natividade
Voltamos a Jerusalém com nosso guia original, pois já eram 14h15 e ainda havia vários passeios a fazer. O almoço foi no mesmo kibutz do dia anterior, e a comida estava ainda pior. Após o almoço, fomos à cidade antiga de Jerusalém. Entramos pela porta de Jaffa e fomos à Igreja do Santo Sepulcro construída sobre o Monte Calvário, ou Monte Gólgota, que significa caveira, onde Jesus foi despido, crucificado e, depois, lavado, enrolado em um lençol de linho e sepultado na tumba de José de Arimateia. A Igreja do Santo Sepulcro foi construída por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, em 325 d.C.; foi destruída pelos persas, em 614 d.C.; foi reconstruída pelos cruzados, no século XI. À direita de quem entra há uma pequena escadaria onde Jesus foi despido antes de ser crucificado. A pedra sobre a qual foi erguida sua cruz fica sob o altar, e a pedra sobre a qual seu corpo foi lavado e envolto em um lençol de linho fica próxima à entrada da igreja. Para entrarmos no Santo Sepulcro, ficamos mais uma hora em pé na fila aguardando o final das missas dos Franciscanos e dos Ortodoxos Armênios, por ser véspera de Natal. 

Monte Calvário (ou Monte Gólgota) onde Jesus foi crucificado



Pedra sobre a qual o corpo de Jesus foi lavado e envolto em um lençol antes de ser sepultado no túmulo de José de Arimateia
Devido à demora em Belém, não fizemos o passeio por todos os pontos da Via Dolorosa. Saindo da Igreja do Santo Sepúlcro, fomos ao Muro das Lamentações colocar os bilhetes que troxéramos escritos do hotel, já que, por ser shabat, não podíamos escrevê-los em frente ao muro. O Muro das Lamentações é uma parte externa das muralhas construídas por Herodes, O Grande. O lado esquerdo é para os homens que precisam cobrir a cabeça com quipás ou chapéus antes de entrar; o lado direito é para as mulheres que não precisam cobrir suas cabeças com coisa alguma. Os judeus ortodoxos não trabalham, são sustentados pelo governo, recebendo de acordo com o número de filhos que têm, e se dedicam ao estudo da Torá. Os homens mantêm seus cabelos compridos porque é proibido cortar os cabelos ao redor do rosto. 

Lado esquerdo do Muro das Lamentações onde ficam os homens
Como decidimos não comprar o pacote que incluía ceia de Natal em um restaurante onde exibiriam a Missa do Galo por um telão, jantamos no próprio hotel em companhia de três moças de Barcelona com as quais fizemos amizade e, depois, fomos dormir.

Conhecendo Jerusalém


23-12-2016
Saída do hotel às 7h50. O grupo tornou-se maior, passando de 18 para 43 pessoas, por isso, perdemos muito tempo passando em hotéis antes de iniciarmos o tour. As muralhas de Jerusalém foram construídas pelo rei David, por Herodes, O Grande, e por um sultão turco, no século XVI. O Muro das Lamentações é a parte externa das muralhas construídas por Herodes. Durante sua vida, Jesus esteve três vezes em Jerusalém, onde acabou por ser crucificado. Avistamos o luxuoso Hotel Rei David onde ficam presidentes e chefes de Estado. Muitos hotéis têm Dan antes do nome. Dan é uma das doze tribos de Israel. Passamos ao lado de uma moderna ponte projetada pelo arquiteto Calatrava inspirara na árvore de David. Além de ser a capital de Israel, Jerusalém é a maior cidade do país, com 850 mil habitantes, e onde fica o Parlamento. Por uma lei de 1917, da época dos ingleses, as casas de Jerusalém devem ser construídas em pedra caliça, o que torna a cidade muito bonita. O custo de vida é alto: um apartamento de 90 metros quadrados custa US$1400 de aluguel, sem impostos, e o salário mínimo é de US$1500. Duas das seis universidades públicas de Israel estão em Jerusalém.
Do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado, ocorre o shabat, período em que os judeus não podem nem sequer apertar os botões do elevador. Por isso, nos hotéis, há um elevador que para em todos os andares e, no café da manhã do sábado, não há comida quente (ex.: ovos mexidos), e o leite e o café são deixados em garrafas térmicas. Além disso, os fornos são deixados acesos desde o dia anterior, para não prejudicar os turistas. 
A primeira parada foi no Museu de Israel onde visitamos a maquete da Jerusalém da época de Jesus e os manuscritos do Mar Morto, guardados em uma sala cujo teto tem a forma da tampa do pote de cerâmica dentro do qual foram encontrados por um beduíno, no deserto que fica às margens do Mar Morto. Infelizmente, fotos não são permitidas nem sem flashes. Abaixo dos manuscritos, fica a sala com os Códigos de Allepo, de 930 d.C. O teto da sala dentro da qual se encontram os manuscritos é resfriada permanentes por chafarizes cuja função é preservar a umidade. 

Maquete da Jerusalém do tempo de Jesus


 
Teto da sala do Museu de Israel onde estão os manuscritos do Mar Morto. O teto foi construído no formato da tampa dos potes de barro dentro dos quais foram encontrados. Os chafarizes visam manter a umidade

Em seguida, fomos à Igreja da Visitação, parando antes da subida ao monte onde fica a Igreja na fonte d'água na qual a Virgem Maria e sua prima Isabel se abasteciam de água e possivelmente bebiam dela. Como a água não é potável, não se pode bebê-la. A Igreja da Visitação foi construída onde ficava a casa de Isabel, visitada pela Virgem Maria quando ambas estavam grávidas de João Batista e de Jesus, respectivamente. João Batista era apenas seis meses mais velho do que Jesus. Hoje, pertence à Ordem dos Franciscanos. No muro externo, a oração magnificant está escrita em vários idiomas, incluindo português. 

Fonte de água onde a Virgem Maria e sua prima Isabel iam buscar água
 
Na parte externa da Igreja da Visitação, estátuas representando o encontro de Maria, grávida de Jesus, e Isabel, grávia de João Batista.

A próxima parada foi no Museu do Holocausto cuja entrada é gratuita e onde fotos e mochilas não são permitidas. O Museu foi construído na forma da lâmina de uma faca, porque representa o corte  que o holocausto (tragédia) fez na vida dos judeus. O visitante precisa passar por todas as salas em zigue-zague para chegar à saída. E há banheiros no meio do percurso e depois da saída. A penúltima sala tem prateleiras com livros nos quais estão registrados os nomes dos que morreram na Segunda Guerra Mundial. Ainda há muitos livros em branco aguardando informações de famílias do mundo todo. Nosso guia não pôde entrar porque o Museu tem seus próprios guias. Tivemos uma hora para visita. Saímos do museu em direção ao kibutz Ramat Rachel onde almoçamos dois dias seguidos e cuja comida era cara e mediana: US$18 por pessoa, com tudo incluído, exceto bebida alcoólica. Israel é constituído de kibutz e moshavs. A diferença é que este paga imposto (renda) para o governo e aquele não. Por falar em imposto, embora não sejam cidadãos israelenses, os palestinos precisam pagar impostos ao Estado de Israel, o que nos pareceu bastante absurdo. 
Gruta da Natividade, com a estrela de 14 pontas, em Belém, onde Jesus Cristo nasceu
Local onde ficava a manjedoura que serviu de berço a Jesus Cristo
Em seguida, fomos ao Monte Sion (Zion) e à Igreja da Dormitação construída onde era a casa do apóstolo João na qual a Virgem Maria viveu os últimos onze anos de sua vida depois da crucificação de Jesus, atendendo ao pedido que Jesus fizera a seu discípulo para que cuidasse de sua mãe. A igreja é dos Beneditinos alemães. Depois fomos ao cenáculo onde houve a Santa Ceia. Lá, João Paulo II celebrou uma missa e doou uma oliveira de bronze. A igreja do cenáculo foi construída pelos cruzados no século XI, depois foi transformada em mesquita até 1948. Hoje, é de Israel e, embora o Vaticano a reivindique, não pertence a qualquer ordem religiosa porque os judeus acreditam que o túmulo de David está sob ela. Do ônibus, avistamos as muralhas de Jerusalém do século XVI e a porta de Damasco, a mais bela das portas de Jerusalém. No Monte Sião, visitamos a porta onde São Esteves foi apedrejado e que leva seu nome. Nela, ainda se encontram as marcas das balas da guerra dos seis dias. São Esteves foi o primeiro mártir do cristianismo. 

Igreja da Domitação construída sobre a casa de João onde, depois da crucificação de Jesus, a Virgem Maria viveu os últimos 11 anos de sua vida
A próxima parada foi no Horto de Getsêmani ao qual Jesus foi com Pedro, Thiago e João e onde ensinou a oração do Pai Nosso aos apóstolos. Lá, ainda há oito árvores da época de Jesus, o que foi comprovado por um teste com o carbono 14. A pedra da agonia sobre a qual Jesus chorou lágrimas de sangue antes de ser traído por Judas e aprisionado pelos judeus fica sob o altar. A igreja, denominada Basílica da Agonia ou Igreja de Todas as Nações, situa-se no Monte das Oliveiras do qual Jesus subiu ao céu. Dele, tem-se uma bela vista das muralhas de Jerusalém, da Mesquita de cúpula dourada e da porta dourada que tem esse nome porque fica dourada quando atingida pelo sol. Pertence à Ordem dos Franciscanos e foi concluída em 1920. 

Pedra da agonia que fica no altar da Basílica da Agonia. Sobre essa pedra Jesus chorou lágrimas de sangue antes de ser aprisionado pelos judeus
 
Fachada da Basílica da Agonia

No cemitério que fica do outro lado da rua, está enterrado sob um túmulo em forma de pirâmide Absalam, filho de David. Esse cemitério é o mais caro do mundo porque os judeus acreditam que, no dia do juízo final, os primeiros a serem salvos serão os que ali estiverem enterrados. A tradição judaica de colocar pedras sobre os túmulos remonta à época em que os judeus viviam no deserto do Sinai e precisavam usar pedras para preservarem os túmulos. Voltando ao hotel, fomos informados pelo guia que a gorjeta (propina, em espanhol, e tip, em inglês), opcional, era de US$3 para o motorista e US$4 para o guia por cada dia que estiveram conosco. Chegamos ao hotel às 16h50.

Monte do Sermão da Montanha-Morro das Bem-Aventuranças-Lago de Tibérias-Cafarnaum-Rio Jordão-Jericó


22-12-2016
O ônibus que nos levou ao passeio era confortável, mas, nesse dia, o Wi-Fi não estava funcionando. 
A primeira parada foi no Monte do Sermão da Montanha onde existe uma igreja da Ordem dos Franciscanos, em meio a um lindo jardim que fica em frente ao Lago da cidade de Tibérias. O Lago é de água doce e fica 200 metros abaixo do nível do mar. 

Igreja do Monte do Sermão da Montanha
Em seguida, fomos ao Monte das Bem-Aventuranças. Na chegada, do lado de fora da igreja, há toaletes, mas, para usá-los, paga-se 1 dólar ou 3 shekels por pessoa. O Monte das Bem-Aventuranças foi onde Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. A Igreja da Bem-Aventurança, ou Tabgha, é da Ordem dos Beneditinos alemães e, sob o altar, veem-se as pedras sobre as quais provavelmente Jesus fez o milagre. A igreja foi queimada em 2015 por extremistas judeus, mas já tinha sido restaurada. O piso do lado direito do altar é em mosaico da Igreja bizantina do século IV. Atualmente, o local chama-se Tabgha que significa sete fontes. 

 
Sob o altar da Igreja do Monte das Bem-Aventuranças, a pedra sobre a qual Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães e

A próxima parada foi no Lago Tibérias. Caminhando para o local da barca, Ginnosar, vimos a árvore chamada coroa de espinhos com a qual foi feita a coroa colocada sobre a cabeça de Jesus. Também vimos a árvore, conhecida entre nós como figueira brava, na qual Zaqueu subiu para ver Jesus, e este o mandou descer para ir à casa de Zaqueu. Encontraram na região uma barca feita com doze madeiras diferentes. Logo na entrada do caminho que dá acesso ao Lago, há um kibutz em cujo jardim há um coreto de madeira para celebração de casamentos. O guia nos disse que, durante a cerimônia de casamento, o noivo quebra um cálice de madeira com os pés para simbolizar a destruição do Templo de Salomão. Fizemos um divertido passeio em uma barca de madeira no Lago de Tibérias no qual Jesus navegou com seus apóstolos e caminhou sob as águas. Na margem oposta, onde se localiza a Jordânia, Jesus expulsou o demônio do corpo de dois homens, transformando-o em dois porcos. A cidade de Tibérias foi construída por Herodes Antipas, filho de Herodes, O Grande. O Lago é de água doce e tem 40 metros de profundidade por 100 metros de largura. Como na região chove muito, há um duto que serve para levar a água para o deserto. O passeio de barco foi muito agradável, pois o clima estava ótimo, havia música, e as pessoas do nosso grupo se puseram a dançar. Ao final do passeio, recebemos um certificado de que andamos na barca do Lago de Tibérias. 

Barca em que fizemos o passeio pelo Lago Tibérias
Em seguida, fomos a Cafarnaum que significa povo de Naum (cafer significa povo). É conhecida como a cidade de Jesus porque foi nela que Jesus conheceu quatro de seus doze apóstolos (Pedro, João, André e Thiago) e os convidou para serem pescadores de homens. Também foi em Cafarnaum que Jesus começou seu ministério. Na cidade, Jesus fez a maioria de seus milagres (onze), dentre os quais se podem citar: curou a febre da mãe de Pedro; ressuscitou o filho do rabino Jairo para provar que era o Messias; e fez Pedro pescar um peixe recheado de moedas suficientes para pagar os impostos de ambos, já que estava hospedado na casa de Pedro. Sobre a casa da mãe de Pedro, foi construída a Igreja dos Franciscanos. Visitamos também a sinagoga onde Jesus ressuscitou o filho do rabino de Cafarnaum, as ruínas da cidade na qual Jesus viveu, as ruínas da casa da mãe de Pedro, a Igreja que fica sobre as ruínas da casa da mãe de Pedro e a estátua de Pedro segurando a chave do céu.

Sob a igreja dos Franciscanos, as ruínas da casa de Pedro onde Jesus morou em Cafarnaum
Saímos de Cafarnaum e seguimos para o rio Jordão, às margens do qual iríamos almoçar. Do ônibus, avistamos as Colinas de Golan sob as quais há uma grande quantidade de água. Atrás delas, a menos de 70 quilômetros de onde estávamos, ficava o local da Síria onde estavam ocorrendo os conflitos. Até 1967, as Colinas de Golan pertenceram a Síria, por isso não haverá paz entre os dois países enquanto Israel não devê-las aos sírios. No entanto, por questões estratégicas, é pouco provável que isso ocorra. O almoço em Yadernit foi muito bom: sopa, saladas, prato principal (peixe de São Pedro, assado com batatas ou filé de peixe empanado). De sobremesa, deliciosas tâmaras frescas e café. Preço do almoço: US$20 ou 80 shekels por pessoa. Depois do almoço, fomos às margens do rio Jordão onde o padre colombiano que estava em nosso grupo disse lindas palavras e aspergiu sobre cada um de nós a água do rio para simbolizar a renovação do batismo. Foi comovente. Saímos às 14h15 para uma parada em Jericó, situada na zona palestina e a duas horas do rio Jordão.
Rio Jordão onde alguns de nós molharam os pés
Na ida a Jericó, avistamos a fronteira de Israel com a Jordânia. O acordo de paz entre esses dois países foi firmado em 1993 e, a partir de então, o afluxo de turistas a Jordânia aumentou. A Jordânia foi o único país a dar passaportes aos palestinos que para lá foram fugidos de Israel em 1948 e 1967. Para ir a Jericó, passamos por um check-point ao entrarmos na zona palestina. Notamos algo curioso: ao entrar nas zonas palestinas, o motorista do nosso ônibus não foi parado, mas os que transitavam no sentido contrário estavam sendo parados. Vimos campos com minas colocadas pela Jordânia na guerra dos seis dias de 1967, e kibutz israelenses (assentamentos) nas zonas palestinas, o que, segundo a resolução da ONU, é ilegal. Havia muito lixo constituído de lonas plásticas usadas na agricultura às margens da estrada. Israel, responsável pela coleta naquela região, não a faz só porque a zona é palestina. Jericó, que fica no deserto da Judeia, existe há mil anos, desde o Período Neolítico. É a cidade mais antiga e baixa do mundo (300 metros abaixo do nível do mar). Fica na zona "A". Hoje, os palestinos vivem em três zonas: a zona B tem a segurança contratada por Israel e todo o resto controlado pelos palestinos; a zona A é toda controlada pelos palestinos; e a zona C, onde fica Jerusalém, é toda controlada por Israel. O salário é de apenas US$300 por mês. Em Jericó, avistamos de longe o Monte das Tentações onde Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites e foi tentado pelo diabo três vezes. O mosteiro construído sobre o Morro é de cristãos gregos ortodoxos. As ruínas da colina do sultão (Tell es-Sultan) foram as únicas que sobraram da cidade antiga. Passamos, ainda, pela zona B antes de entrarmos na zona C onde fica Jerusalém. Essas zonas foram definidas no acordo de Oslo, mas mesmo nelas há "assentamentos" e kibutz israelenses. Durante a viagem, o guia ainda nos falou que, como os árabes descendem de Ismael, e os judeus, de Isaac, ambos são "primos".

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