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Amã-Dubai

28-12-2016
O avião da Emirates pousou com 1h30 de atraso devido a uma forte neblina que pairava sobre a cidade. Durante esse tempo, ficou sobrevoando a cidade até que o sol nascesse e dissipasse a neblina. Felizmente, o motorista que nos levaria ao Grand Hotel Excelsior estava à nossa espera, e a agência conseguiu que pudéssemos fazer o check-in antes do meio-dia (day use), além de um tour privado, tal como no Egito, com um guia que falava português. Ainda conseguimos tomar o café da manhã antes de subirmos para o quarto. Mas o hotel tinha uma exigência desagradável: exigia um depósito no cartão de crédito no valor de 200 AED (ou dirhan) que equivale a R$200, a título de caução contra possíveis danos, que depois seria estornado. A moeda de Dubai é o Dirhan, e o câmbio era 3,67 dirhans para US$1,00.  
Às 14h00, motorista e guia apareceram para nos levarem ao tour. Durante o tour, o guia nos falou de Dubai e Abu Dhabi. A cidade de Dubai tem 2,5 milhões de habitantes, dos quais apenas 250 mil são nativos. Para ser nativo, é preciso ser filho de pai nativo. Dubai só produz petróleo para consumo próprio (carros, geração de energia e dessalinização da água do mar). Dubai é a cidade dos carros, das compras e de entretenimentos. A “zona azul” de Dubai custa 4 dirhans a hora e pode ser paga em dinheiro, cartão ou aplicativo de celular. O preço da passagem de metrô varia conforme a distância. A cidade tem o maior shopping do mundo: o Dubai Mall. O segundo shopping a cidade é o Mall of Emirates, onde há uma pista artificial de ski com 30 mil metros cúbicos de neve. Já Abu Dhabi, que fica a cerca de 150 km de Dubai, tem 86% do território dos Emirados, 91% do petróleo e 2 milhões de habitantes.  
Nesse dia, o passeio foi bem produtivo, pois ficaríamos apenas dois dias em Dubai e, no dia seguinte, faríamos o Safari no Deserto. A primeira parada foi no calçadão da praia pública de Jumeirah. Foi construído com 95 milhões de metros cúbicos de areia sobre o quebra-mar que circunda a palmeira - há mais duas palmeiras em construção, além de um mapa mundo. Para a construção do quebra-mar, foram usadas 6 milhões de toneladas de pedras. No calçadão, há food trucks com mesas, cadeiras e muitas pessoas caminhano, correndo ou fazendo um lanche. Defronte ao calçadão, fica o belo Hotel Atlantis, uma das atrações turísticas da cidade por sua beleza. 

Calçadão sobre o quebra-mar que fica em frente ao Hotel Atlantis, em Dubai.
Hotel Atlantis, em Dubai
Saindo do calçadão,  fomos ao Burj Al Arab, o famoso hotel em forma de vela. Para conhecer o hotel, é preciso agendar com antecedência o restaurante ou um chá da tarde. Mas prepare o bolso, pois o chá da tarde custa em torno de US$180,00 por pessoa. Como não tínhamos reservado, apenas tiramos fotos. Em seguida, fomos ao Palácio do Sheikh Mohammed onde vive sua primeira esposa que lhe deu 10 filhos. O Sheikh foi casado sete vezes, tendo se divorciado de todas, exceto da primeira. Atualmente, tem duas esposas, a primeira e a última, com a qual tem dois filhos. Como o Palácio é habitado pela família do Sheikh, visitas são proibidas. Em frente ao palácio há um belo jardim, com pavões reais passeando por ele. 

Entrada do Palácio do Sheikh Mohammed, em Dubai
A próxima parada foi na Mesquita de Jumeirah, a primeira da cidade construída em 1979. Não pudemos visitá-la, porque não é aberta à visitação, mas apenas a orações.

Mesquita de Jumeirah, a primeira da cidade construída em 1979
Sainda da mesquita, fomos ao Bairro Histórico de Al Fahidi onde moraram os primeiros habitantes de Dubai que eram beduínos pescadores de pérolas. Após a descoberta de petróleo, esses pescadores transformaram Dubai no que é hoje. O bairro é um museu a céu aberto. Suas casas eram construídas com corais do mar ou esteiras de palha. Visitando o bairro e uma de suas casas, aprendemos muito sobre o modo de vida dos moradores da época. Por exemplo, a porta ou a janela de uma casa nunca podia ficar de frente à janela ou à porta de outra casa, para que o homem de uma não visse a mulher da outra. As casas tinham uma grande sala à esquerda de quem entra e outra à direita; nesta ficavam o anfitrião e o visitante, enquanto naquela ficavam as mulheres e crianças do anfitrião e do visitante. 

Parede construída com coral do mar de uma casa do Bairro de Al Fahidi


Também fomos ao Forte Al Fahid, construído em 1787, o prédio mais antigo da cidade. O Forte é onde fica o atual Museu de Dubai. A entrada custa apenas 3 dirhans. O museu é constituído de cenas da vida diária dos antigos habitantes da cidade no período anterior à descoberta do petróleo. Para visitá-lo, meia hora é suficiente, pois não contém muitas galerias. Além do dia a dia dos antigos moradores representado por bonecos em tamanho natural, podem-se ver esqueletos (skeletons) de pessoas enterradas na posição fetal,  datados de antes da Era Cristã. O sepultamento nessa posição era para que voltassem a resnacer. 

Bonecos que reproduzem o cotidiano dos primeiros habitantes de Dubai, no Museu de Dubai


Entrada do Museu de Dubai
Saímos do Museu e fizemos a divertida travessia de barco-táxi pelo Creek Canal – espécie de Veneza de Dubai - em direção ao Dubai Spice Souk (Mercado de Especiarias), onde se vende o açafrão iraniano, o mais cobiçado e caro do mundo, além de aromas e sabores dos mais variados, como chocolates feitos com leite de camela, que são uma delícia. Poucos metros à frente fica o Gold Souk (Mercado do Ouro) com suas joias em ouro 18, 22 e 24 quilates, que custam 1/3 do que custam no Brasil. 
Ancoradouro de barcos-táxis no Canal de Creek, em Dubai
Dubai Spice Souk
No Gold Souk, podem-se encontrar joias exóticas e extravagantes, como um vestido todo feito em ouro ou um anel com 58 kg de ouro, que entrou para o Guinness Book. A única coisa desagradável é o assédio dos vendedores dos dois mercados, mas a segurança é total. Pode-se comprar uma joia e sair caminhando despreocupadamente pelas ruas sem o risco de ser assaltado, algo inimaginável no Brasil. 

Vitrine do Gold Souk, com colares e vestido em ouro.
Anel com 58 kg de ouro no Gold Souk de Dubai
Terminados os passeios do dia, o guia nos deixou no Dubai Mall onde jantamos antes de assistirmos ao balé das fontes do Burj Khalifa, que acontece de meia em meia hora.

A dança das águas em frente ao Burj Khalifa
Voltamos ao hotel de metrô. Pagmos 2 dirhans pelo cartão e 6 dirhans pela passagem para cada um. O bilhete não é recarregável. Há ainda passagem diária, que expira às 24h, e passagens para períodos mais longos.

Petra-Madaba-Monte Nebo-Amã

27-12-2016
Dia chuvoso e frio, com 4 graus Celsius. A neblina estava tão cerrada que não conseguimos ver nada durante a viagem a Madaba, que fica a 40 km de Amã. Ao pararmos em um posto para que o motorista abastecesse, fomos à loja de conveniência e vimos que os preços dos produtos eram muito inferiores aos pagos nos locais em que vínhamos parando para usar banheios, tomar café, fazer compras ou almoçar. Nos hotéis, a garrafa de 1,5 litro de água, com taxa de serviço, custava 2,40 dinares (ou US$4,00), enquanto no posto onde paramos para abastecer custava 0,28 dinar. Felizmente, antes de chegarmos a Madaba, o tempo abriu, e o sol surgiu. O guia nos deu um papel, providenciado pela agência, que continha nossos nomes, os vistos e os carimbos para que pudéssemos sair de Amã, alertando que se o perdêssemos teríamos de pagar US$60,00 por pessoa. No entanto, no aeroporto, em momento algum nos pediram esse papel. Antes de entrarmos em Madaba, paramos em uma das fábricas de artesanatos e móveis em mosaico, mantida pela fundação criada pela rainha Noor Al Hussein. A região é conhecida por seus lindos mosaicos em pedras naturais ou madeira e madrepérola.

Artesanato de Madaba - Mesa em mosaico de pedras e ovos de avestruz pintados à mão com pó de pedras
Móveis em mosaico de madeira de oliveiras e madrepérolas. Ao fundo, vasos feitos com ossos de camelo.
Chegamos a Madaba às 11h, cidade de maioria cristã, citada na Bíblia como Medaba, no livro de Lot, sobrinho de Abraão. Embora haja 14 ruínas de igrejas com mosaicos, visitamos a mais importante delas, a Igreja de São Jorge, em cujo piso foi encontrado o primeiro mapa da Terra Santa feito em mosaico, da época bizantina. São Jorge foi um soldado romano que matou muitos cristãos. O dragão contra o qual aparece lutando simboliza o diabo que tinha dentro de si antes de se converter ao cristianismo. Os mosaicos do piso da igreja são da época bizantina (324 d.C. a 638 d.C.), mais especificamente de 560 d.C. O mapa tem 175 lugares bíblicos, com três estados na parte superior e três estados na parte inferior. Está escrito em grego e apresenta vários símbolos: a romã (granada) que representava a Virgem Maria; e a gazela que representava os cristãos, entre outros. Em Madaba, está uma das três universidades de mosaico do mundo (as outras duas estão na Itália e em Túnis). A próxima parada foi no Monte Nebo, onde existe uma igreja pertencente à Ordem dos Franciscanos a qual iniciou as escavações em 1933. Os mosaicos dos pisos e paredes são lindos e datam de 530 d.C., século VI, da época bizantina. 

Vista da Terra Santa do alto do Monte Nebo.
Altar da Igreja dos Franciscanos no cume do Monte Nebo, com mosaicos bizantinos no piso e paredes.
Piso em mosaicos bizantinos da Igreja dos Franciscanos no cume do Monte Nebo
Antes da volta a Amã, paramos em um restaurante cuja comida não despertou nosso apetite. Depois do almoço, como uma parte do grupo seguiria para a fronteira com Israel e a outra metade voltaria a Amã, fomos apanhados no restaurante por uma van que nos levou ao Regency Palace, em Amã, onde teríamos o final da tarde para descansar e jantar antes de nosso embarque para Dubai, última parte de nossa viagem. Na volta, pegamos muita chuva e congestionamento. Quando a família e filipinos que estava conosco na van foi deixada no Marriott, ficamos surpresos com o controle da segurança do hotel para que a van pudesse entrar no estacionamento. Às 22h30 em ponto, um motorista nos levou ao aeroporto internacional de Amã, Queen Alia International Airport, que é novo, bonito e moderno.

Queen Alia International Airport, em Amã

Amã - Petra

26-12-2016
Saímos do hotel às 7h30. Antes de pegarmos a estrada, fizemos um rápido city tour por Amã. Passamos pelo bairro de Abdul, onde ficam as embaixadas e mansões dos ricos. A cidade tem 3 milhões de habitantes, é bonita e cosmopolita. Há uma mesquita em cada bairro, e as instituições públicas funcionam das 8h às 15h. O salário mínimo é de US$300,00, e o salário médio é US$600,00. A cidade é bastante segura, e as leis do país são mistas: ocidentais e muçulmanas (as leis religiosas e voltadas para o casamento). Há pena de morte para sequestro de pessoas com menos de 18 anos; homicídio de pai e mãe; tráfico de drogas. Há bancos ocidentais e islâmicos. A principal diferença entre eles é que estes não fazem empréstimos nem cobram juros, o que é considerado um pecado mortal. As cores da bandeira (verde, vermelho, preto e branco) representam as várias dinastias do reino da Jordânia. Petra fica ao Sul do país e já foi cenário de vários filmes. Fomos pela estrada conhecida como Rota do Deserto que é o caminho mais curto de Amã a Petra. A estrada é bastante policiada.
O nascimento da Jordânia atual ocorreu em 1921, depois que Sharif Hussein, com o apoio da Inglaterra e da França, expulsou os turcos otomanos da região. O rei mais famoso foi outro Hussein que governou mais de 40 anos, casou-se quatro vezes e teve 12 filhos, morrendo na década de 1990. Como o adultério é um pecado grave, os jordanianos podem ter até quatro esposas de cada vez, e o sucessor sempre será o filho varão mais velho. Desde que tenham até quatro esposas por vez, os homens podem divorciar-se quantas vezes quiserem. Já as mulheres não podem ter o mesmo “privilégio”;  elas até podem pedir o divórcio, mas este somente lhes será concedido pelo conselho religioso se ficar comprovado que existe um motivo suficientemente grave para isso. Como para os homens o divórcio é muito fácil, atualmente, é mais difícil ter tantas esposas porque as famílias das futuras esposas estão exigindo um dote cada vez mais alto dos pretendentes. Não há casamento civil, e ainda existem casamentos arranjados pelas famílias, mas ambos os cônjuges precisam estar de acordo. O contrato de casamento é celebrado na justiça religiosa, perante duas testemunhas, tal como o divórcio. A religião islâmica têm cinco pilares, a saber: crer que só há um Deus (que é Alá); crer nos anjos; crer no Alcorão; crer nos Profetas e crer no destino. Para eles, Jesus é um dos 5 Profetas mais importantes dos 25 Profetas que já existiram. A diferença entre mensageiros e profetas é que os primeiros levam uma mensagem de Deus a um povo específico, como fez Lot; já os segundos levam a mensagem de Deus para todo o povo. Pelo calendário islâmico, eles estão no ano de 1457. Os muçulmanos precisam ir a Meca pelo menos uma vez na vida, mas essa obrigatoriedade está deixando de existir em face das dificuldades de se cumprir esse mandamento. A Arábia Saudita determina o número de peregrinos que cada país pode enviar anualmente a Meca, já que a cidade só comporta de 3 a 4 milhões de pessoas. O maior país islâmico do mundo é a Indonésia, e só 20% dos muçulmanos são árabes. Além disso, 95% dos muçulmanos do mundo são sunitas e não xiitas, que têm santos e mais lugares sagrados. Quando um muçulmano morre, ele é enterrado apenas envolto em um lençol, e seu corpo é colocado na cova com a face virada para Meca. Na estrada, passamos por uma ferrovia que fora construída pelos turcos otomanos no século XIX para levar os peregrinos até Meca, mas que hoje é usada apenas para o transporte de carga.
Chegamos a Petra às 11h45, depois de duas paradas: a primeira, em uma loja de artesanatos e móveis em mosaico, e a segunda, para que os porta-riquenhos do grupo fossem a uma farmácia. Tivemos sorte, pois a chuva do dia anterior deu lugar a um lindo dia de sol, com temperatura de 8 graus Celsius. Petra é do século I d.C. e foi construída pelos nabateus cuja riqueza advinha das caravanas que, duas vezes ao ano, iam do Egito a Damasco e precisavam pagar impostos ao passar por lá. Os nabateus viveram cinco séculos - do século III a.C. ao século II d.C - e eram descentes de Ismael, filho de Abraão com sua segunda mulher Agar. Nessa época, Petra tinha 35 mil habitantes que falavam o grego como segunda língua. Era governada por reis; posteriormente, foi conquistada pelos romanos e, depois, pelos bizantinos. É mencionada 80 vezes na Bíblia como Sela, e seus monumentos são túmulos talhados nas rochas e ficaram “esquecidos” do século VIII d.C. até 1812, quando foi redescoberta por um arqueólogo suíço que falava árabe, convivia com os beduínos, converteu-se ao islamismo, descobriu a fortaleza de Damasco e está enterrado no Cairo. Em 2007, foi eleita uma das sete maravilhas do mundo. Próximo a Petra, está o Monte Nebo onde Moisés tirou água de uma pedra e do qual avistou a Terra Santa que buscou por 40 anos, mas à qual nunca chegou por ter morrido no dia seguinte ao de sua chegada. Moisés não desceu à Terra Santa porque foi castigado por Deus. Quando pediu água a Deus, este o mandou pedir à pedra. Moisés duvidou, bateu com seu bastão na pedra e obteve água. Por sua falta de fé, Deus o castigou, e ele morreu no dia seguinte ao dia de sua chegada a Terra Santa. O irmão mais velho de Moisés, Haron, está enterrado no cume do morro mais alto, e acredita-se que o próprio Moisés esteja enterrado na região. Petra foi cenário de vários filmes, como “Lawrence, da Arábia”, e “Indiana Jones – A Última Muralha”. Atualmente, a cidade de Petra tem cinquenta hotéis. No caminho para o parque, o guia nos orientou a ter cuidado com os beduínos que exploram o turismo (e os turistas) no local, vendendo souvenirs e alugando cavalos, burros, camelos e charretes, pois, se o turista demonstrar interesse em comprar algo ou fazer um passeio, será perseguido durante todo o percurso até que compre ou faça o “ridi taxi”. Além disso, é melhor combinar previamente o preço e ter dinheiro trocado, porque os beduínos costumam dizer que não têm troco. A entrada do parque custa US$80 (= 50 dinares), mas estava incluída no tour. Embora no verso do ingresso conste que ele dá direito a um passeio a cavalo, os beduínos só o fazem mediante o pagamento de gorjeta (propina, em espanhol, e tip, em inglês) que varia de preço conforme a cara do turista. Aliás, produtos sem preço é muito comum nos locais aos quais levam os turistas, variando conforme a cara do possível comprador. A prática da “pechincha” também faz parte da cultura, o que é bastante estressante. Outra coisa desagradável é que, nos banheiros, há sempre alguém dando a toalha de papel na esperança de ganhar uma gorjeta em troca. Como há muitos beduínos vendendo pulseiras como se fossem de prata, fomos informados pelo guia que as joias de prata da Jordânia têm selo, por isso, se não tiverem esse selo, não são de prata. Além do canyon, o mais conhecido e bonito monumento de Petra é O Tesouro, construído no século I d.C. e localizado ao final do canyon, embora haja um ainda mais lindo e bem conservado que é o Mosteiro. Mas este fica 800 metros à frente de O Tesouro e, para se chegar a ele, é preciso subir 800 degraus. O canyon é lindo e impressionante. Há, ainda, as tumbas reais que ficam entre O Tesouro e o Mosteiro. Para se chegar às Tumbas Reais, é preciso subir 140 degraus. O Tesouro tem 30 x 40 metros e foi construído pelo rei nabateu Aretas I, pai da primeira esposa de Herodes, O Grande, que dela se divorciou para casar-se com a mãe de Salomé. O Tesouro tem esse nome porque se acreditava que Aretas I enterrara seu tesouro dentro de um pote que fica na fachada do túmulo antes de morrer, mas nada foi encontrado. Não fizemos parada para almoço, a fim de aproveitarmos o tempo, mas o parque tem lanchonetes, banheiros e lojas de souvenirs os quais são bem caros. Ficamos no parque até às 16h30, com cerca de duas horas de tempo livre para fazermos e irmos onde quiséssemos. 

Túmulo de Petra
Canyons de Petra

Corpo de homem que sobrou da escultura de uma caravana entalhada nas rochas do canyon de Petra.
Patas de camelo que sobraram da escultura de uma caravana entalhada nas rochas do canyon de Petra.
Túmulo do Rei Nabateu Aretas I conhecido como O Tesouro, em Petra
A volta à entrada do parque é demorada: há cerca de 4 km da entrada ao “Triclinio” do Leão, que fica bem antes do Mosteiro; logo, são 8 km para ir e voltar da entrada do Parque Arqueológico de Petra ao "Triclinio" do Leão. À noite, não há o que fazer na cidade, a não ser voltar ao Parque para assistir ao espetáculo das luzes cujo ingresso pode ser comprado nos hotéis por US$24, já que o ingresso do Parque não dá direito a esse espetáculo. Chegamos ao Hotel Marriott em tempo de vermos o pôr do sol. O Marriott e o Panorama são os hotéis com as melhores vistas para as montanhas de Petra. O único problema do hotel era ter Wi-Fi somente no lobby que, para nosso azar, não estava funcionando.

Israel-Jordânia-Jarash-Amã

25-12-2016
Dia chuvoso, com 4 graus. O motorista que nos levaria a Jordânia chegou às 8h45,  o que nos deixou um pouco apreensivos, já que, até então, o traslado não havia atrasado. Para os judeus, o dia 25 de dezembro é um dia normal de trabalho. No caminho à fronteira com a Jordânia, vimos vários acampamentos de beduínos que vivem em barracos feitos de lona plástica, folhas de alumínio e madeira e criam rebenhos de cabras e ovelhas. Alguns ainda vivem em cavernas em frente das quais estacionam seus carros. Os beduínos são muito hospitaleiros. Quando alguém vai à casa de um beduíno, deve aceitar a xícara de café que lhe é oferecida, senão a recusa é considerada uma ofensa. Ao ser devolvida, se o visitante não quiser mais café, deve devolver a xícara fazendo um pequeno movimento com o punho para a direita e para a esquerda, senão o anfitrião servirá a bebida novamente. Além disso, somente no terceiro dia da chegada do visitante, o beduíno perguntar-lhe-á por que ele foi à sua casa, antes não. 
Às 10h15 passamos por uma espécie de check-point onde nos alertou o motorista que era proibido tirar fotos. Durante a parada, dois guardas armados fizeram uma rápida revista no ônibus, mas não nos passageiros. Em seguida, paramos em uma lanchonete de beira de estrada para lanche e banheiro, já que o almoço seria por volta das 15h00. Aliás, os banheiros eram bastante precários, mas tinham papel higiênico, o que nem sempre ocorre, daí a necessiade de se levar toalhas umidecidas. Durante a viagem, trocamos os shekels que nos restavam com o motorista, pois, na Jordânia, eles não são aceitos. Embora a taxa cobrada pelo motorista tenha sido pior do que a dos bancos (3,80 por dólar, em Jerusalém, e 4,20 por dólar, com o motorista), foi melhor do que a que conseguiríamos na fronteira (mais de 5 shekels por dólar). Por isso, é melhor pagar a taxa de fronteira com cartão de crédito. Aliás, na fronteira entre os dois países, tivemos de pagar US$207,00 (no cartão de crédito) pela taxa de fronteira, que é cobrada por Israel. Os vistos jordanianos não precisaram ser pagos, porque, para incrementar o turismo, a Jordânia não os estava cobrando. Na fronteira, há um Duty Free, banheiros e um local onde, mediante apresentação das notas e dos produtos comprados em Israel, pode-se pedir o reembolso de 16% do IVA. 

Fronteira entre Israel e Jordânia
Sob uma forte chuva, embarcamos no ônibus que nos levaria a um terceiro ônibus no qual estava o guia jordaniano que nos levaria ao primeiro tour do dia e a Amã. Durante o embarque, um policial verificou os passaportes dos passageiros. O valor da passagem desse segundo ônibus era 5 shekels ou US$2,00 por pessoa. Esse segundo ônibus parou duas vezes: primeiro, para que um policial entrasse e, novamente, verificasse os passaportes; depois, para que passássemos pela imigração da Jordânia onde puseram três carimbos e uma etiqueta em nossos passaportes (essa etiqueta pode ser retirada do passaporte depois que se sair do país). Antes de nos dirigirmos à imigração, deixamos nossas malas sob um pátio coberto sem qualquer vigilância. Já com os passaportes carimbados e etiquetados, voltamos ao pátio coberto e levamos as bagagens a um detetor de metal antes de embarcarmos no terceiro e último ônibus do dia. Um de nós dois teve a mala revirada e revistada, antes de ser liberado. O guia que nos estava esperando também falava espanhol, e o ônibus era um micro-ônibus com Wi-Fi e aquecimento interno, pois nosso grupo atual tinha apenas 10 pessoas. Finalmente, começamos o tour do dia. Durante todo o percurso choveu muito, e o guia, que se chamava Fernando (ou Feras), deu várias informações sobre o país. 
A Jordânia tem 9 milhões de habitantes dos quais 40 mil são beduínos. Atualmente, há 1,5 milhão de refugiados sírios no país. Houve quatro levas de refugiados: uma de palestinos fugidos de Israel, em 1948; outra de palestinos durante a guerra dos seis dias, em 1967; uma terceira de iraquianos e kwaitianos, em 1990; e a última de sírios de 2011 a 2016. A Jordânia é governada por reis desde 1921; a moeda é o dinar (1 dinar vale 1,50 dólares), mas nos locais turísticos e hotéis aceitam-se dólares. O guia também nos informou que trocar dólares por dinares em hotéis é tão ruim quanto fazê-lo na fronteira. A universidade mais antiga do país é de 1962 – Universidade da Jordânia, com 40 mil alunos. Há universidades privadas e públicas, mas estas são melhores porque exigem que os ingressantes tenham notas altas (ex.: 96 pontos para entrar em Medicina). Desde 1994, quando Jordânia e Israel firmaram um acordo de paz, o turismo vem crescendo no país. Na guerra dos seis dias de 1967, a Jordânia perdeu Jerusalém para Israel; a Síria perdeu as Colinas de Golan; o Líbano perdeu a região Sul do país; e o Egito perdeu o Sinai. Depois disso, além da Jordânia, somente o Egito firmou acordo de paz com Israel. O serviço militar não é obrigatório no país. Como os militares têm muitos privilégios, é difícil ingressar na carreira militar, só se conseguindo o ingresso por meio de indicação que nosso guia denominava de "vitamina". Por ser um país muçulmano, as bebidas alcoólicas são extremamente caras. Os jordanianos consomem comida halal. A comida típica do país é arroz com amêndoas e carne de cordeiro ou frango. Tal como os judeus, eles não comem carne de porco, comem sete tâmaras no café da manhã (as tâmaras devem ser comidas sempre em número ímpar, para que se convertam em minerais e não em açúcar) e bebem café preparado à moda turca, que é muito forte e vem com borra no fundo da xícara. Os dias sagrados são sexta e sábado, e o domingo é o primeiro dia de trabalho da semana. 
Na verdade, Jesus foi batizado em Betânia, que fica no lado jordaniano do rio Jordão. Durante três dias, Jesus andou pelas margens jordanianas do Lago de Tibérias onde libertou dois homens do demônio que os possuía, transformando este em dois cerdos. No país, há cerca de 100 locais bíblicos, incluindo a tumba de Set, terceiro filho de Abraão. Segundo nos explicou o guia, árabes, hebreus, turcos e curdos são descendentes de Sem, um dos três filhos sobreviventes de Noé. 
Chegamos a Jerash (ou Jarash), ainda com chuva, às 14h00. Jerash fica ao Norte do país, a 45 km de Amã. É uma das Decápoles Romanas que iam de Damasco a Philadelphia, para desenvolver o comércio na época. Antes de irmos às ruínas, paramos para almoçar no restaurante Artemis onde havia um bufê self-service que incluía fruta e sobremesa, mas não as bebidas, por US$15,00 por pessoa. O melhor foi o pão (tandoor) que, além de ser cortesia da casa, era muito gostoso. 
Jerash (ou Jarash) foi uma grata surpresa. Suas ruínas são magníficas! Foi construída no século II a.C. e conquistada por Pompeu, em 63 a.C. Parte de suas ruínas foi destruída por um terromoto, em 1927, mas, mesmo assim, é linda. Nem a chuva, que se intensificou no final do passeio, e o frio de 7 graus conseguiram tirar a alegria de passear por suas ruínas. Havia mais de 20 colunas ao longo da Rua Cardo (que significa coração), que era a principal rua do comércio. Os 800 metros da Rua Cardo ligam a Praça Oval ao Portão Norte. O guia demonstrou muito conhecimento. Era formado em Ciências Políticas, História e Turismo, na Universidade da Jordânia. Chegamos a Amã já noite e sob forte chuva, por isso, o city tour ficou para o dia seguinte, quando seguiríamos para Petra.

Teatro Sul, em Jerash
Decápole romana de Jarash, Jordânia
Rua do Cardo, na decápole romana de Jarash, Jordânia

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